Você pode até conquistar um bom emprego por suas incríveis habilidades profissionais e conhecimento técnico. Porém, só conseguirá mantê-lo por muito tempo se tiver inteligência emocional. O alerta é da especialista em Inteligência Emocional e professora do Instituto de Pós Graduação (Ipog), Carmem Sílvia Carvalho. Essa inteligência emocional, que é o modo como gerenciamos as emoções, pode ter um papel crítico para determinar nosso sucesso no mercado de trabalho e na vida.

 

A falta de inteligência emocional (IE) é o principal fator que leva jovens a buscar coaching e aconselhamento de carreira, segundo um estudo recente feito pela consultoria YCoach. Segundo Carmem, um estudo feito ainda na década de 80 já tinha comprovado que os conhecimentos específicos, ou competências técnicas, não garantem se o profissional terá sucesso ou não na carreira.

 

“A pessoa é contratada por sua competência, mas se a empresa precisa desligar alguém de seu quadro, escolherá pelas atitudes”, adverte a professora. Segundo ela, a geração Y tem uma grande capacidade de inovação, criatividade e capacidade de fazer multitarefas, mas tem uma ansiedade imensa, um grande senso de urgência. Eles não conseguem compreender que a semeadura exige um tempo de maturação antes da colheita.

 

Ele não entende mais que a conquista é resultado de um processo longo. Por isso, se o jovem chega numa empresa e não consegue crescer rapidamente, acha que a empresa não é digna de seu potencial. Para resolver isso, é importante saber gerenciar essa ansiedade, saber lidar com questões que envolvem o gerenciamento das emoções.


DIGITAIS

Essa segunda fase da geração Y, conhecida como “nativos digitais”, também tem muitas dificuldades de relacionamento. Carmem lembra que eles nasceram imersos num mundo tecnológico e acabaram desenvolvendo uma certa dificuldade nas relações de proximidade. O relacionamento interpessoal exige tolerância, abrir mão de suas posições pessoais em detrimento de outro, ter empatia e saber gerenciar conflitos.

 

E é justamente a qualidade do relacionamento com clientes que hoje pode diferenciar uma empresa no mercado em que todos têm a mesma qualidade e preço. “O que fideliza o cliente é justamente a qualidade deste relacionamento”, destaca a especialista.

 

Ela adverte que muitas pessoas preferem se comunicar apenas pela internet porque, ao primeiro sinal de problemas, alegam que a conexão caiu, ao invés de resolverem o conflito. Atitudes assim têm afastado esses jovens do relacionamento interpessoal, tão importante no mercado de trabalho.

 

“As ferramentas tecnológicas não são a causa da baixa de IE, mas possibilitam se resguardar de tudo que não está bem resolvido”, explica. Essa também é uma geração com baixa tolerância à frustrações. Por isso, a professora reforça a necessidade da pessoa investir no autoconhecimento e gerenciamento de suas emoções, anseios e necessidades, o que ajuda muito no relacionamento com o próximo. “O melhor caminho é entender que a verdade não mora só em mim e que o problema só está no outro”.