O desemprego vem revelando um futuro tenebroso diante do seu prolongamento eminente. Hoje, de um grupo de 100 trabalhadores, 11 estão sem ocupação profissional e o fenômeno é acompanhado de uma avalanche de outros problemas.
Podemos citar aqui alguns que envolvem a questão financeira. Quem não tem salário, não compra. Se o comércio não vende, fecha as portas, com isso o empregado da loja que não vende também é dispensado. O IBGE anunciou há alguns dias que de abril de 2015 a abril deste ano, 312 mil empregadores baixaram as portas.
As consequências em série afetam a economia financeira com a intensidade de um soco e ainda carrega consigo o capital humano. Estamos perdendo profissionais altamente capacitados. Profissionais do varejo com curso superior, pós-graduação, entre outros títulos.
A crise atual, que se assemelha à dos anos 80, conhecida como a década perdida, faz estes especialistas em vender esquecerem os diplomas na parede ou no guarda-roupa e empunhar um currículo em Agências de Empregos presenciais e virtuais do País. É uma realidade cruel que chega e requer adequações.
Nos últimos 12 meses, o número de baixas em carteiras destes executivos graduados cresceu 30% em Goiás. O perfil destes profissionais é quase único: estão acima dos 30 anos e ganhavam mais de 5 salários mínimos. Os números vêm do Banco de Dados do Setor Jurídico do Sindicato dos Empregados no Comércio no Estado de Goiás.
Em uma economia pulsante, o comércio é como uma vitrine que reflete o fluxo do dinheiro. Em dez anos houve melhorias no mercado de trabalho por causa desta correnteza financeira. Por isso, as universidades abriram cursos específicos para os interessados na área, as empresas treinaram os profissionais. Agora, muitos destes trabalhadores não têm onde exercer seu ofício.
Bastou um ano para este mesmo mercado de trabalho desabar em um buraco aritmético fúnebre, angustiante e que não tem prazo para terminar seu aprofundamento. Portanto, vamos continuar perdendo os nossos colaboradores mais capacitados do varejo e atacado.
Sem dinheiro no bolso do comprador, não há trabalhador com especialização que ajude na concretização de um negócio.
Acima de qualquer titulação, são pais ou arrimos de família que, diante de muitos meses de desemprego, acabam se adequando a uma realidade que amputa a autoestima profissional, omitem a especialização para conseguir um cargo de menor escalão e com salário aquém.
O que prevalece neste momento é a mais dura realidade da sobrevivência humana.
Eduardo Amorim – Presidente do SECEG