Olhar para a montanha russa em um parque de diversões é como vislumbrarmos a vida em seus altos e baixos, com direito a curvas sinuosas e muita emoção. O cotidiano econômico do País também parece ter seu próprio brinquedo que horas você acredita estar seguro e em outros se vê despencando de uma altura tamanha que tem medo do impacto ao chegar no chão.
Vivemos uma aparente queda com possível descarrilamento. O produtor vende a matéria prima mais cara porque não choveu, o atravessador vende mais caro porque comprou mais caro, a indústria vende mais caro ainda porque o imposto também subiu e na ponta, o consumidor não compra.
Sobram produtos nas prateleiras e o alvo do patrão é certeiro, corte de empregos. A mesma guilhotina que passa no pescoço do trabalhador interrompe o ciclo do consumo e até de pagamento de dívidas.
Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) liberada no início da semana mostra que 63% daquelas pessoas que tinham colocado suas contas em dia ano passado, voltaram a dever na praça. Quer dizer, cortar emprego não é solução. Aquela velha lei de Murphy se encaixa bem aqui “ Nada é tão ruim que não possa piorar “ .
Como base podemos citar aqui o caso dos comerciários goianos. De acordo com estatísticas dos nossos departamentos jurídicos distribuídos nas três unidades do SECEG e mais uma itinerante, mais de 10 mil postos de trabalho deixaram de existir desde janeiro e mais preocupante.
Quem está saindo do mercado de trabalho, neste momento, ganha em torno R$ 4,5 mil com perfil bem estabelecido: acima de 30 anos e com algo em torno de 10 anos de casa. No mesmo período do ano passado, foram demitidas pessoas com salário abaixo dos R$ 3 mil e com faixa etária na casa dos 20 anos.
Fazemos parte de uma estatística dos próprios órgãos do Governo Federal que mostram que de janeiro a maio deste ano 160 mil vagas desapareceram dentro do comércio varejista e atacadista em todo País.
Para tentar amenizar a chegada ao chão desta montanha russa e seus passageiros, o Governo Federal lançou mão de Medida Provisória para segurar a avalanche de desempregados que atingiu em cheio o comércio.
A fórmula é interessante, reduzir salários, que serão complementados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador, assim como jornadas de trabalho. A receita agrega quilos de resgate da credibilidade de um Governo instável mais uma tonelada de marketing, visto que redução de jornada e de salário é previsto na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) sem necessidade de Medida Provisória.
Bem, estamos na descida e quem está no comando da montanha russa são os eleitos por nós brasileiros. Vamos aguardar se conseguirão salvar todos ou o impacto no chão deixará muitos feridos.
Eduardo Genner de Souza Amorim – Presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio no Estado de Goiás (SECEG)