O dólar continua em alta frente a outras moedas globais, mas cai ante o real nesta quarta-feira (4), para o patamar de R$ 3,52, influenciado pela ausência de atuação do Banco Central no mercado de câmbio nesta sessão.
A moeda americana ganha terreno no mercado externo com a possibilidade de elevação dos juros nos EUA em junho, conforme sinalizaram nesta terça-feira (3) dois dirigentes do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).
O sentimento de aversão global ao risco se mantém nesta quarta-feira, com os temores de desaceleração global. Indicadores econômicos e balanços corporativos ruins fazem as Bolsas globais operar no terreno negativo.
O Ibovespa operava em queda mais cedo, pressionado principalmente pelas ações da Vale. No entanto, o índice virou e passou a operar no campo positivo, impulsionado pela recuperação dos papéis do setor financeiro e da Petrobras.
CÂMBIO E JUROS
Após duas sessões de alta do dólar, e a despeito do cenário externo negativo, o mercado de câmbio doméstico passa por uma correção. A moeda americana à vista recuava há pouco 1,05%, para R$ 3,5275; o dólar comercial caía 1,14%, a R$ 3,5290.
O Banco Central não anunciou para esta sessão leilão de swap cambial reverso, equivalente à compra futura da moeda americana pela autoridade monetária.
“Está claro que o BC só deve voltar a atuar no mercado de câmbio quando o dólar voltar a ficar abaixo de R$ 3,50”, avalia Cleber Alessie, operador da corretora H.Commcor.
Segundo Alessie, o real se beneficiava da recuperação do petróleo nesta manhã no mercado internacional, assim como da perspectiva de mudança de governo.
Ao mesmo tempo em que predomina uma certa cautela nos negócios, os investidores mantêm o otimismo com a aproximação da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário do Senado e em relação ao eventual governo de Michel Temer.
Essa cautela se reflete no mercado de juros futuros. O contrato de DI para janeiro de 2017 avançava de 13,655% para 13,670%; o DI para janeiro de 2021 subia de 12,490% para 12,620%.
“As incertezas quanto aos nomes que comporão o ministério Temer e quem assumirá o BC continuam a permear os negócios e a incutir cautela aos investidores, na medida em que o perfil de quem assumir poderá definir quando começará a esperada queda dos juros”, comentam os analistas da Lerosa Investimentos, em relatório.
O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, avançava 0,78%, aos 347,622 pontos.
BOLSA
O Ibovespa ganhava há pouco 0,65%, aos 52.597,54 pontos.
Os papéis do setor financeiro se recuperam após as recentes quedas. Itaú Unibanco PN ganhava 2,49%; Bradesco PN, +3,95%; Banco do Brasil ON, +1,90%; Santander unit, +1,83%; e BM&FBovespa ON, +0,89%.
As ações da Petrobras sobem, impulsionadas pela alta do petróleo pela manhã e pelo anúncio da conclusão de venda de ativos na Argentina e no Chile. Petrobras PN ganhava 2,86%, a R$ 10,86, e Petrobras ON, +2,65%, a R$ 13,16.
As ações da Vale recuam com a queda do minério da China e a ação do MPF (Ministério Público Federal) que pede reparação de R$ 155 bilhões pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG). Também são alvo da ação a Samarco e a BHP Billiton.
Há pouco, Vale PNA perdia 5,20%, a R$ 13,85, e Vale ON, 6,37%, a R$ 17,47.
EXTERIOR
No exterior, prevalece o sentimento negativo, com o aumento da probabilidade de alta dos juros americanos em junho, resultados corporativos ruins e indicadores econômicos fracos.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones perdia 0,47%; o S&P 500, -0,50%; e o Nasdaq, -0,55%.
Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em baixa de 1,19%; Paris, -1,09%; Frankfurt, -0,99%; Madri, -1,26%; e Milão, -0,17%.
Na Ásia, as Bolsas também caíram.