Pouco mais de dois meses da segunda etapa de migração, o sistema de informática do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran) ainda continua gerando sucessão de problemas para usuários, despachantes e Centro de Formação de Condutores (CFC). As falhas ocasionam dificuldades até mesmo no pagamento de boletos do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) por erros no código de barras, além da leitura de biometria e envio de documentos. O que acarretam filas, irritação e acúmulo de processos.
Confeccionados e emitidos pelos Correios, com informações cedidas próprio Detran, usuários reclamam que o código de barras são dados como inválidos pelo sistema bancário, o que invalida o pagamento.
Agências bancárias informam aos clientes de estornos nos pagamentos gerados pelas falhas. O órgão, no entanto, nega que o problema seja comum e diz ser erro comum dos códigos junto aos bancos.
O comerciante João Marques, de 61 anos, foi um dos afetados por esse tipo de problema no pagamento do imposto. Pagou antes do prazo final definido pelo órgão para evitar a multa, mas quase um mês depois recebeu como resposta a devolução do dinheiro.
“A agência entrou em contato comigo, dizendo que houve um problema com o código de barras. Agora não sei se terei que pagar com multa”, diz.
Problema com o boleto de IPVA não é exclusividade de Marques. O servidor público Emivaldo Jacinto Cardoso, de 50 anos, assim que recebeu o boleto em casa efetuou o pagamento através do débito em conta. Mais de um mês depois, ainda não conseguiu receber o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV). O motivo? Não sabe.
“Liguei na Secretaria da Fazenda (Sefaz), me falaram que resolveria direto com o Detran. No site do órgão consta o pagamento, mas não o envio. Não dizem mais nada”, diz.
Falta de informações, como a valor venal ou alíquota especificada para o cálculo, no boleto de pagamento de IPVA também foram relatada por usuários e contestada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), conforme revelou reportagem publicada ontem pelo POPULAR.
Os problemas não atingem somente os contribuintes. Profissionais que lidam diretamente com os procedimentos do sistema de informática relatam que as falhas são generalizadas. Alienar ou desalienar um veículo, por exemplo, se tornou tarefa quase impossível.
O despachante Jurandir Lima, que trabalha num escritório nas proximidades do Detran, afirma que desde dezembro os serviços estão praticamente parados. “Está tudo travado. Nenhum serviço está normalizado, de cadastros de carrocerias até mudança no nome do proprietário, nada funciona”, relata.
O POPULAR também mostrou ontem que problemas causados por uma falha no sistema no momento do registro de frequência dos alunos durante as aulas teóricas presenciais impedem a verificação e certificação para o andamento normal no processo.
Assim, CFCs do tipo “A”, responsáveis pelas aulas teóricas, de todo o Estado acumulam processos parados. O Detran também negou que o problema seja generalizado e atribuiu a falhas pontuais na comunicação.