Goiás é destaque nacional quando o assunto é emprego. Na diferença entre admissões e desligamentos em junho, o Estado foi o quarto com o melhor saldo (2173 vagas) conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho na última sexta-feira (20). Mas o mercado local passa por mudanças. O perfil não é mais essencialmente agropecuário. Indústria e comércio atacadistas têm destaque e maior qualificação tem sido exigida.
“Há uma mudança no cenário de empregabilidade e as pessoas que procuram emprego precisam se atentar para isso”, pontua o superintendente do Ministério do Trabalho em Goiás, Eduardo Amorim. Fato que foi constatado ontem pelo auxiliar técnico José Antônio Cardoso Marciel, de 24 anos. Desempregado desde novembro, enfrentou sete horas de espera em uma fila com mais de 600 pessoas que buscavam o mesmo que ele: oportunidade.
E não foi dessa vez. “Fiquei decepcionado, só pegaram meus dados”, lamenta. José não terminou a faculdade de informática, precisa de trabalho para retomar os estudos e estava na expectativa de que a experiência que já teve como assistente administrativo seria o bastante. Porém, para a vaga na mesma função a empresa exigia curso superior ou cursando em administração de empresas, ciências contábeis ou áreas afins.
Como experiência não basta e as empresas estão mais exigentes, sabe que a dificuldade está maior e por isso segue aberto às diversas possibilidades, especialmente nas indústrias. Enquanto a carteira não é assinada novamente, personaliza chapéu de praia, faz bicos como cabeleireiro e eletricista e tem fé no Estado que escolheu morar pelas oportunidades depois de deixar o Pará há dois anos.
Crise
Em contraste com o cenário de reversão da crise da empregabilidade, a situação de José Antônio é apenas um exemplo de que ainda não está fácil o mercado de trabalho. A fila que enfrentou na manhã de ontem tinha três vezes mais pessoas do que vagas. A seleção é para escolher 200 trabalhadores para a Refrescos Bandeirantes Coca-Cola, que vai abrir novo centro de distribuição em Aparecida de Goiânia. E o cadastro dos interessados apenas começou ontem e segue até sexta-feira (27) com distribuição de 500 senhas por dia.
A procura intensa não é exclusividade da empresa. Afinal, conforme dados do IBGE referentes ao primeiro trimestre do ano, são 371 mil pessoas desocupadas em Goiás, 70 mil só na capital. No Sine Municipal de Goiânia, o gerente Diego Nunes diz que neste mês a média de atendimento saltou de 200 pessoas por dia para até 500. Só que as vagas em aberto somam 170.
“A procura surpreendeu, os meses de maior atendimento geralmente são fevereiro e agosto”, afirma. Atualmente, a construção civil é a que tem oferecido mais vagas por lá além da área de serviços, forte da capital goiana. Para nível superior, há salários que chegam a R$ 4 mil, mas grande parte são postos com oferta de salário mínimo.
Segundo a Secretaria de Estado do Trabalho, no Sistema Nacional de Emprego de Goiás há 23 vagas exclusivas para pessoas com deficiência e 147 vagas para público em geral na Região Metropolitana e cidades vizinhas e a procura está estável. As oportunidades são para ganhos que variam de um salário mínimo a R$ 2,5 mil.
Ano melhor
Eduardo Amorim, do Ministério do Trabalho, analisa que o ano de 2018 está melhor do que o vivenciado desde que a crise econômica apertou. Há uma performance positiva em comparação com 2017, como caracteriza, mas especialmente para quem busca qualificação. Os responsáveis pela positividade são os setores da agropecuária e a indústria farmacêutica.
“No comércio, está melhor para atacadista e não no varejo, o que levou Goiás a estar no cenário nacional em lugar de destaque juntamente com a indústria farmacêutica e o extrativismo mineral.” Ele destaca que o capital nacional e internacional no caso do setor industrial e o potencial do extrativismo são pontos importantes para o desempenho goiano. “É importante que o desempregado que queria melhorar a condição busque qualificação e se atente para essas áreas que estão com mais oportunidades”, indica.
Fonte: Jornal O Popular