Benefícios sociais que eram pagos para trabalhadores do comércio foram suprimidos após negociação liderada por empresários. Auxílio natalidade, farmácia, acidente e até recolocação de empregados no mercado deixam de ser oferecidos
Um acordo coletivo assinado em separado por empresários do comércio varejista ligados ao Sindilojas e o Sindicato dos Trabalhadores colocou fim a uma série de vantagens que os trabalhadores do comércio tinham. Liderados pela empresária Marisa Carneiro e com o silêncio do presidente do Sindilojas, Eduardo Gomes, os comerciantes suprimiram o pagamento mensal irrisório que se transformava em benefícios sociais para os trabalhadores.
O desconto de R$ 22,00 beneficiava os mais de 130.000 trabalhadores do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio do Estado de Goiás (Seceg). Sem acordo para assinatura de uma Convenção Coletiva do sindicato laboral com a entidade dos patrões (Sindilojas) o grupo de empresários que fazem oposição ao atual presidente desse sindicato de patrões pressionou e fez valer uma barganha pesada em que retirou todos os benefícios.
“Usaram de um discurso bolsonarista e que pretende massacrar os pobres dos trabalhadores para retirar esses benefícios”, reclama um empresário que queria manter o acordo anterior. Muitos lojistas não concordam com a estratégia de retirar vantagens dos trabalhadores e criticaram duramente a assinatura do acordo coletivo. “Dona Marisa Carneiro pensou de forma muito injusta e financista para dar uma paulada na cabeça dos pobres trabalhadores”, frisa outro lojista.
O conflito desse grupo de empresários que quer tomar o poder no Sindilojas é levado para as raias da execração dos trabalhadores. O funcionário de uma pequena loja em uma cidade do interior que poderia receber um benefício natalidade, quando nascesse um filho, fica sem o benefício porque os donos de lojas refrigeradas de shoppings de Goiânia entendem que ele não tem direito a esse recurso e consideram isso um privilégio que deve ser cortado.
Os benefícios sociais estão presentes nas convenções coletivas há décadas e desde 2016, com o desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho esse processo de retirada de ajudas se acentuou. Empresário visa lucro e não tem compromisso com o bem-estar do trabalhador, é a maior pregação. Entretanto há alguns empresários com consciência social que não usam desse expediente para atingir objetivos políticos. “O que esses lojistas que negociaram por baixo do pano uma rasteira tão inglória assim nos trabalhadores querem é o controle do Sindilojas. Seria mais ético se tratassem a política na esfera política e não prejudicassem os trabalhadores”, ressalta outro empresário do ramo.
Prejuízo
O presidente do Seceg, Eduardo Amorim, explica que o sindicato dos obreiros busca sempre obter avanços para os trabalhadores, não apenas aumento de salário. “A marca sindical do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio no Estado de Goiás (SECEG), ao longo das décadas sempre primou por mais que o reajuste salarial. Sempre levamos às mesas de negociações junto ao patronal da defesa de benefícios sociais que resguardem o nosso trabalhador, assim como sua família. Portanto, todos os benefícios presentes na Convenção Coletiva de Trabalho atuais são relevantes e de imenso cunho social para composição das necessidades dos trabalhadores”, explica.
“Por isso, brigamos de forma contundente em se tratando de cobertura para auxílios natalidade, farmácia, alimentar por afastamento, acidente, funeral, recolocação no mercado e etc.
A retirada destes benefícios, em se tratando de uma categoria composta de maioria jovem com família constituída, diminuirá o conforto oferecido, por exemplo, a parturientes e seus recém-nascidos, assim como desempregados”, ressalta.
Eduardo Amorim lembra ainda que benefício social não é caridade. “Isso ajuda na manutenção de renda do trabalhador, para que ele também gere o giro financeiro na economia”, finaliza.
BENEFÍCIOS SOCIAIS DOS TRABALHADORES:
NATALIDADE – R$ 500,00
FARMÁCIA NATALIDADE – R$ 100,00
ACIDENTE – R$ 300,00
ALIMENTAR POR AFASTAMENTO – R$ 140,00
FARMÁCIA – R$ 500,00
MANUTENÇÃO DE RENDA FAMILIAR – R$ 3.600,00
CESTA ALIMENTAR – R$ 2.040,00
FUNERAL – R$ 4.000,00
RECOLOCAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
Fonte: Jornal Argumento