Em tempos de aperto financeiro, fast fashion oferece produtos por preços menores para atrair o consumidor e aposta em crescimento
O setor que oferece vestuário com custo mais acessível foi impulsionado pela classe C, considerada um dos motores do crescimento do País nos últimos anos. Mas agora as lojas também estão de olho na classe B, que busca racionalizar seus gastos. A principal atitude para o primeiro grupo economizar foi adotar marcas mais baratas, segundo pesquisa do Data Popular – opção de 41% dos 3.050 entrevistados em fevereiro. Especialistas apontam que a segunda parcela da população opta pela mesma saída.
“Quem buscava roupas no exterior deixou de comprar lá, mas não vai deixar de consumir, porque tem de manter o vestuário, por isso buscam alternativas”, explica o consultor de finanças pessoais Maurício Vono. Como o cenário de ajustes no orçamento deve se manter para 2015, ele explica que é preciso pesquisa de preços e escolha por produtos de marcas menos conhecidas. Tendência que, segundo ele, não afeta somente o segmento da moda, mas vai do supermercado aos automóveis.
Preço baixo
A social media Maria Rita Rocha, de 24 anos, calcula que diminuiu gastos com roupas e sapatos em 50%. “Deixei de ir muitas vezes ao shopping e comprar em lojas que têm nomes mais fortes para as de departamento.” Ela cita a facilidade para encontrar acessórios, sapatos e peças de roupa em um mesmo lugar e poder parcelar em mais vezes como atrativos que também pesaram na troca. “Sempre gostei de colocar tudo em tabela e percebi que de 2013 para cá os preços subiram 13%.”
A consultora de imagem e estilo Maria Julia Costa afirma que suas clientes também já começaram a optar pelo fast fashion. “Estão mais fieis ainda, pois antes era novidade e agora percebem que há preço bom sem deixar de estar na moda e se vestir bem.” Ela explica que o valor dividido pela frequência de uso de uma roupa por mês pode ajudar a avaliar se vale ou não o investimento. A disputa entre as redes de moda rápida podem derrubar ainda mais os preços.
A marca norte-americana Forever 21 chegou ao País com muito barulho e traz mais competitividade ao setor. Além de filas, lojas inauguradas em São Paulo também ficam com araras vazias. O motivo são regatas básicas oferecidas a R$ 8,90, calças jeans a R$ 35 e vestidos a R$ 44,90. A marca vai abrir duas lojas em Goiânia, uma no Shopping Passeio das Águas em maio e outra no Flamboyant, em agosto.
Preços atrativos de roupas importadas parecem driblar o custo Brasil. Porém, do outro lado, as lojas chamadas de fast fashion também montam mix de produtos diferenciados para atender além da classe popular. A expectativa é de que os 114 milhões de brasileiros da classe C movimentem R$ 1,35 trilhão em 2015, segundo o instituto Data Popular. Mas a classe B também ganha atenção para impulsionar novo ritmo de vendas.
Nas vitrines, as coleções são semanais e nada de mesmice. Segundo o superintendente da Flávio’s, Wesley Barbosa de Pádua, há neste momento de retração a organização de prioridades, mas o posicionamento para atender um público maior garante fôlego nas 22 lojas no Estado, que espera crescer 10%. “Estamos fazendo pesquisas em Nova York para trazer novidades e temos atendimento e lojas diferenciadas para atender também a classe B.”
Produtos diferenciados e loja conceito para facilitar o autosserviço são as apostas para conquistar essa outra fatia. O potencial do segmento também será mostrado no Mega Moda Shopping, no sábado, com o Mega Moda Fashion 2015, que coloca na passarela peças fast fashion de 14 lojas goianas em desfile aberto.