MATÉRIA DE O POPULAR DESTACA LUTA DO SECEG POR REAJUSTE SALARIAL

Cenário não ajuda negociação e o poder de compra deve cair

A abertura da temporada de negociação dos reajustes salariais deste ano aponta um cenário desafiador para o trabalhador. A previsão é que o poder de compra das famílias seja o menor dos últimos 13 anos, implicando numa séria revisão orçamentária. Isso porque somente as majorações estimadas para produtos e serviços considerados essenciais deve engolir todo o valor da correção do piso salarial (veja quadro).

 

Com o esfriamento da economia e os índices de desemprego mais elevados, será difícil conquistas de ganhos acima da reposição inflacionária (7,7% nos últimos 12 meses). Na prática, o trabalhador terá de abrir mão de alguns serviços, aquisição de produtos ou mesmo prorrogar planos, para não entrar no vermelho.

 

Poder de barganha

Segundo a supervisora técnica do Departamento de Estatísticas de Estudos Socioeconômicos em Goiás (Dieese), Leila Brito, o trabalhador está com pouco poder de barganha nas mesas de negociações salariais. “O reajuste do salário mínimo foi menor este ano e serve como referência, está ocorrendo desaceleração do índice de emprego desde o segundo semestre do ano passado e a economia está desaquecida”, explica.

 

O gerente de Pesquisas Sistemáticas e Especiais do Instituto Mauro Borges (IMB/Segplan), Marcelo Eurico, afirma que a nova conjuntura que vem sendo desenhada aponta um comprometimento de mais de 60% da renda de uma família cujo ganho é de até cinco salários mínimos, somente com gastos ordinários. “Essa família terá de pensar em alternativas para equilibrar receitas e despesas. Outros setores serão sacrificados”, diz.

 

Embora essa seja a única saída para não comprometer o orçamento, essa contenção de gastos pode acionar uma engrenagem que prejudica toda a cadeia produtiva, desembocando no aumento do número de demissões. “Se não houver uma retomada do crescimento e afetar muito o emprego, o nível de recuperação para o próximo ano será fraquíssimo”, avalia o economista Eber Vaz.

 

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas), José Carlos Palma, o desafio dos sindicatos patronais e dos trabalhadores é chegar a uma equação que não estacione a economia e não comprometa os empregos. “Estamos recebendo sugestões de empresários para viabilizar as negociações”, diz.

 

O presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio do Estado de Goiás (Seceg), que representa o maior número de trabalhadores em Goiás, 138 mil pessoas, Eduardo Amorim, admite que será difícil obter ganhos reais este ano, mas desconsidera a possibilidade de não recompor o salário. “Estamos trabalhando também para que o trabalhador ganhe em cima da produtividade”, diz.

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