Campanha visando o maior consumo de ovos foi deflagrada na última terça-feira (7), em Goiânia. A iniciativa partiu da Associação Goiana de Avicultura (AGA). O mote principal é de que um ovo por dia não prejudica a saúde de ninguém. Com base em estudos acadêmicos recentes, o colesterol deixou de ser o vilão. A Semana Nacional do Ovo, com direito a degustação de omeletes, ocorreu no supermercado Extra e se encerra amanhã, com um evento similar também no mesmo horário, no Pão de Açúcar-Flamboyant. A participação é gratuita.
Durante oficina, as nutricionistas Maria Luíza Ferreira Stringhini e Márcia Helena Sacchi Correia, ambas da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG), promoveram palestra a um grupo de pessoas. Abordaram o tema “Ovo: de vilão a mocinho”. Elas derrubaram conceitos e preconceitos arraigados na opinião pública acerca do consumo do ovo. Asseguraram que o ovo constitui um alimento nutritivo “e que só faz bem”. De quebra, orientaram as pessoas sobre a maneira de avaliar se o ovo está bom para o consumo e a forma correta de armazenar o produto. A nutricionista e gastrônoma Thais Braga de Paula demonstrou como se faz uma omelete de arroz e legumes, que foi servida aos presentes, encerrando o evento pioneiro no Estado de Goiás.
Apenas 70 calorias
A alimentação do brasileiro combina arroz e feijão com alimentos altamente calóricos e pouco nutritivos. O problema é generalizado no Brasil independentemente da região, idade e classe social. Um maior consumo de ovos é uma forma prática de melhorar o nível nutricional. De acordo com o Instituto Ovos Brasil, o ovo promove saúde e tem apenas 70 calorias. Comer ovos colabora para controlar o peso, manter a força muscular e as funções cerebrais, uma boa gestação e um crescimento saudável das crianças.
Para as professoras da UFG, com grau de doutorado em Nutrição, o mito do colesterol já foi desmentido cientificamente. “Mais de 70% do colesterol do ovo é bom colesterol. Um ou mais ovos por dia não aumenta os riscos de doenças do coração ou infarto entre adultos”, ressaltam. O objetivo da Semana do Ovo é aumentar o consumo per capita de 164 ovos por ano para 208 ovos por habitante ao ano até 2016. “Se atingirmos esta meta, o consumo per capita passaria para quatro ovos por semana, melhorando substancialmente a dieta do brasileiro”, observa Maria Helena.
As nutricionistas apresentaram estudos do Institute of Medicine e de outras instituições internacionais sobre o consumo do ovo, uma fonte de proteína presente tanto na clara quanto na gema. A gema possui em sua composição vitaminas do complexo B e D, responsável pela deposição do cálcio ósseo e importante na prevenção de doenças cardiovasculares e diabetes. Possui ainda função antioxidante. A gema, por sua vez, possui ácidos graxos mono e poli-insaturados, consideradas gorduras boas para a saúde do coração, uma pequena quantidade de gordura saturada e possui na composição colesterol, que já foi comprovado não está relacionado com o aumento de risco de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral.
A professora Maria Luíza Ferreira Stringhini apontou várias vantagens relativas ao consumo de ovos no plano da saúde. Pela sensação da saciedade, o seu consumo auxilia no controle do peso. Propicia força muscular, o consumo da gema favorece o desenvolvimento do sistema nervoso do feto, a colina melhora a função cerebral, saúde dos olhos. Ela recomenda uma porção por dia, seguindo o Guia Alimentar para a População Brasileira.
“Concluímos que o ovo, hoje, é considerado um mocinho!”, concluiu, após dar algumas dicas no processo de compra. Não comprar ovo quando a casca estiver rachada, suja ou quebrada. Deve estar dentro do prazo de validade e deve conter o selo de inspeção, fornecido pelo SIF ou Sisp. O ovo bom para o consumo, colocado num copo de água não afunda. O ovo estragado ou velho boia. É importante a maneira correta de armazenar, retirando o produto da caixa de papelão ou de isopor e colocá-lo numa vasilha para guardá-la. As nutricionistas recomendam que os ovos sejam mantidos na geladeira a baixa temperatura. Na porta, a temperatura oscila muito, não sendo a ideal.
Produção goiana é incipiente
A produção de ovos em Goiás é considerada ainda incipiente. A afirmativa é do presidente da Associação Goiana de Avicultura (AGA), Luis Fernando Pavão. São dez granjas que produzem 12 mil caixas diárias. Sua produção não é auto-suficiente para abastecer o Estado e o Distrito Federal. Muita oferta ao mercado procede de São Paulo e Minas Gerais.
Os goianos contribuem para o abastecimento do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí. O produtor recebe R$ 50, pela caixa. “Os preços já estiveram melhores”, observa Pavão. A matéria-prima para consumo das aves de postura sofreu aumento e o ciclo se repete de alta e baixa. Para elevar o consumo, a AGA aderiu à campanha da Semana do Ovo.
Fonte: Diário da Manhã