Primeiros dados de atividades e emprego de 2022

Porém, essa surpresa foi compensada pela revisão importante e negativa dos resultados anteriores, diminuindo o impacto líquido sobre o nível de atividade.

 

A criação líquida de empregos formais foi abaixo do esperado no mês, apontando desaceleração da geração de postos de trabalho.

A indústria começou o ano com o pé esquerdo. No resultado de janeiro, a produção do setor recuou 2,4% na variação mensal, resultado em linha com a nossa projeção (-2,3%) e abaixo da mediana do mercado (-1,9%).

Esse foi mais um resultado ruim da indústria, que apesar da forte alta de 2,9% em dezembro, apresentou repetidas quedas durante o ano de 2021. Na comparação interanual a indústria registrou queda de 7,2%, ficando 3,1% abaixo do período pré-crise.

Olhando a abertura, também não temos boas notícias: todas as categorias registraram recuo na margem na leitura de janeiro. Em especial, a categoria de Bens de Capital recuou 5,6% no mês, sendo uma das principais surpresas em relação à nossa projeção.

Ainda assim, essa é a única grande categoria em patamar acima do período pré-crise. Vale mencionar também a queda de 11,5% em janeiro dos Bens de Consumo Duráveis, categoria que se encontra 26,0% abaixo nos níveis pré-pandemia. A principal contribuição negativa para esse grupo veio do setor automotivo, que recuou 17,4% no mês.

Esse pode ser um reflexo da troca das usuais férias coletivas em dezembro para janeiro, o que também explicaria a forte alta de 15,2% da categoria no final do ano passado. Vale lembrar que janeiro foi o mês mais afetado pela contaminação da variante ômicron no Brasil, causando afastamento de muitos trabalhadores.

Olhando à frente, esperamos que a produção industrial apresente alguma recuperação ao longo do ano, permitindo a recomposição dos estoques.

As vendas do varejo avançaram 0,8% em janeiro na margem, acima da nossa projeção e da mediana das expectativas do mercado (em 0,5% e 0,3%, respectivamente). Apesar do número positivo, houve revisão importante do dado de dezembro que passou de -0,1% para -1,9%, revelando uma contração no setor quando olhamos os dois meses.

Na comparação interanual a queda foi de 2,4% em janeiro. Olhando para o conceito ampliado, que inclui as vendas de Veículos e Material de Construção, as vendas do varejo contraíram 0,3% no mês, queda inferior à nossa projeção (-1,3%) e da expectativa do mercado (-1,1%). Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o índice recuou 1,4%, ficando agora no mesmo nível pré-coronavírus

Dentre as categorias, a surpresa positiva foi concentrada em ‘Outros Artigos’ e ‘Veículos’. Em relação à primeira, houve avanço de 9,4% na margem (esperávamos queda de 1,6%). Importante ressaltar que esse avanço vem após queda forte de 9,9% em dezembro.

Além disso, a categoria de Veículos recuou 1,9% na margem, ante -6,0% esperado. Dentre as dez grandes categorias, sete registraram queda na margem, o que revela a difusão da queda no mês.

Por fim, a criação de empregos formais foi abaixo do esperado em janeiro, desacelerando em relação aos meses anteriores na série com ajuste sazonal.

O cadastro geral de postos de trabalho formal (Caged) registrou criação líquida de 155 mil vagas em janeiro, número abaixo do projetado por nós (187 mil vagas) e em linha com o esperado pelo mercado (160 mil vagas).

Na série dessazonalizada por setor, a criação foi de 83 mil vagas de emprego formal, mostrando desaceleração na geração de postos formais.

Em 12 meses foram criadas 2,6 milhões de vagas. Olhando as categorias, houve queda apenas na Indústria de Transformação, considerando a série dessazonalizada.

Safra — Foto: Divulgação

Safra — Foto: Divulgação

Esperamos avanço no setor de Serviços e na atividade como um todo em janeiro. A pesquisa mensal de serviços (PMS), que será divulgada nesta quarta-feira, deve revelar um crescimento próximo de 1,0% no mês.

Considerando esse número, o índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) deve mostrar um avanço de 0,8% ao agregar os indicadores de atividade do mês, compatível com nossa previsão de uma economia estabilizada, mas com pouco crescimento ao longo do ano.


Fonte: jornal Valor Econômico

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