Renda domiciliar cresce, mas sofre efeitos da crise

 

Os trabalhadores goianos viram seu poder de compra cair muito nos últimos anos por conta da crise econômica. O rendimento domiciliar per capita goiano cresceu 28,3% em cinco anos, entre os anos de 2014 e 2018. Porém, no mesmo período, a inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 33,69% e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) chegou a 44,30% em Goiânia.

O Rendimento Domiciliar Per Capita 2018, divulgado ontem pelo IBGE, é a razão entre o total de rendimentos domiciliares (em termos nominais) e o número de moradores da residência, usando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). A renda média do goiano foi de R$ 1.323 no ano passado, um incremento de apenas 3,6% sobre 2017. 

Goiás foi o nono Estado com maior rendimento domiciliar per capita, abaixo da média nacional de R$ 1.373, e perdeu uma posição em relação a 2017.

O ganho de 28,3%, em relação ao rendimento per capita de R$ 1.031 em 2014, foi totalmente anulado pela inflação do período. O economista do Instituto Mauro Borges (IMB), Marcelo Eurico de Sousa, lembra que houve um pico inflacionário em 2015. Logo em seguida, em 2016 e 2017, houve o ápice da recessão, com a renda em baixa e os preços estagnados para cima. “Essa forte recessão ocorreu porque o trabalhador perdeu o poder de compra e deixou de consumir”, explica Marcelo. 

A queda da inflação em 2017 foi justamente o resultado desse processo de redução do consumo. “Não tinha mais como os preços subirem se as pessoas, sem renda, não estavam mais conseguindo comprar”, destaca. O rendimento médio dos trabalhadores também foi achatado pela perda de muitos empregos formais.

A balconista Elizabeth Carvalho da Costa conta que, nos últimos cinco anos, sua renda domiciliar per capita subiu ainda menos que os 28,3% revelados pelo IBGE, passando de cerca de R$ 950 mensais em 2014 para R$ 1.200 atuais. “Os aumentos são sempre muito pequenos e não fazem muita diferença na hora de comprar as coisas. Quase nunca dá para comprar tudo que precisamos e o orçamento fica sempre muito apertado”, conta a balconista. 

Informalidade
O superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, lembra que, além de causar a perda de muitos postos de trabalho formais, a crise também elevou o número de ocupações informais e por conta própria. “Dados da PNAD Contínua do 4º trimestre de 2018 mostram que este processo ainda está em curso, ou seja, o mercado de trabalho está se recuperando muito lentamente”, observa.

Um dos grandes problemas é que esses empregos perdidos foram sendo substituídos por ocupações de qualidade inferior, ou seja, com salários menores. “A ocupação informal costuma pagar apenas 70% do que é pago nas ocupações formais”, ressalta Edson. Além disso, Goiás ainda tem uma dinâmica abaixo da média nacional em termos de crescimento econômico.

 

Fonte: O Popular

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