Com a inflação elevada corroendo a renda e o aumento das taxas de juros, 74% dos brasileiros pretendem utilizar o 13º salário para pagar dívidas já contraídas, de acordo com pesquisa da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) divulgada nesta segunda-feira (26).
O número representa crescimento em comparação com 2014, quando 68% desejavam usar os recursos para quitar débitos. A maior parte das dívidas (44%) é no cartão de crédito. Em seguida estão cheque especial (39%) e financiamento bancário em atraso (7%).
A pesquisa foi realizada com 1.037 consumidores de todas as classes sociais. A primeira parcela precisa ser paga até 30 de novembro e a segunda, até 20 de dezembro.
Para a associação, o alto percentual demonstra que “a redução da atividade econômica, a elevação das taxas de juros e a inflação elevaram o endividamento dos consumidores”.
A pesquisa mostra também que 8% dos consumidores pretendem usar parte do 13º para comprar presentes, uma queda de 27,3% em relação a 2014. Isso indica, segundo a Anefac, que há uma maior preocupação com gastos neste ano.
Entre os 8% que pretendem dar presentes, 75% querem comprar roupas e 65% optarão por eletroeletrônicos e eletroportáteis.
Com a renda pressionada, apenas 8% já se organizam para pagar as contas de início de ano, como IPVA (imposto sobre veículos), IPTU (sobre prédios), matrícula e material escolar -para os que têm filhos.
“Isto se deve ao fato de que com o maior endividamento das famílias a maior parte destes recursos serão destinados ao pagamento de dívidas o que reduz o volume de recursos que sobram para aplicações financeiras”, afirma a associação.
Valor em baixa
Os presentes serão mais baratos neste ano também, de acordo com o levantamento da Anefac. Se em 2014 um total de 13% pretendiam gastar mais de R$ 500 em presentes, neste ano o percentual caiu para 10%.
Além disso, 42% pretendem gastar entre R$ 200 e R$ 500, seguidos por 32% que vão desembolsar entre R$ 100 e R$ 200 com presentes neste ano.
A maior queda (33,3%) se deu entre os consumidores que pretendem gastar entre R$ 1.000 e R$ 2.000. “Estes fatos podem ser atribuídos à piora da economia em 2015 com a elevação da inflação e dos juros além da retração econômica que aumenta o endividamento das famílias”, afirma a Anefac em nota.