Bolsonaro diz que medidas serão tomadas contra alta de preços de alimentos

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou na terça-feira (8) que medidas estão sendo tomadas pelos Ministérios da Economia e da Agricultura para dar uma resposta à alta dos preços dos alimentos. Ele apelou aos supermercados para que diminuam margens de lucro. “Sei que outras medidas estão sendo tomadas pelo ministro da Economia, bem como pela ministra (da Agricultura) Tereza Cristina para nós embasarmos a resposta a esses preços que dispararam nos supermercados”, disse, em uma live.

O presidente disse que tem pedido a redes varejistas que, diante do aumento do preço do arroz, reduzam os ganhos. “Eu tenho apelado a eles. Ninguém vai usar caneta Bic para tabelar nada. Não existe tabelamento. Mas pedindo para eles que o lucro desses produtos essenciais para a população seja próximo de zero. Eu acredito que, com a nova safra, a tendência é normalizar o preço”, afirmou.

Na sexta-feira (4), o presidente pediu patriotismo às redes de supermercado para evitar a alta de preços da cesta básica.

Na véspera da fala do presidente, associações do setor divulgaram cartas públicas alertando para o aumento de preços, que chega a superar 20% no acumulado de 12 meses em produtos como leite, arroz, feijão e óleo de soja.

Também ontem, Tereza Cristina admitiu que o preço do arroz está alto no País. Ela, porém, prometeu que o governo federal conseguirá reduzi-lo. As medidas a serem tomadas não foram explicadas, tanto pela ministra como pelo presidente. Ambos, contudo, descartam intervenções nos preços.

Em reunião ministerial, a ministra disse que não haverá falta do produto no mercado nacional. Ela afirmou ainda que a expectativa é que a safra do arroz seja excelente em 2021. “O arroz não vai faltar. Agora ele está alto, mas nós vamos fazer ele baixar. Se Deus quiser, teremos uma super-safra no ano que vem”, afirmou.

Segundo entidades de supermercados, o aumento se acelerou por causa de fatores como a elevação do câmbio, a diminuição das importações e o crescimento da demanda interna. Até julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice de preços oficial do País, acumula alta de 2,31% em 12 meses. Mas, no mesmo período, o item de alimentação e bebidas já subiu 7,61%.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os preços de alimentos básicos aumentaram em 13 das 17 capitais pesquisadas em agosto. Nas demais, caiu. Na pesquisa da entidade, no ano, o preço do conjunto de alimentos necessários para as refeições de uma pessoa adulta aumentou 6,6% e, em 12 meses, 12,15%.

Os supermercadistas têm rechaçado o tabelamento de preços, mas têm defendido a retirada de tarifas de importação. Os alimentos mais caros pressionam os mais pobres, cuja fatia da renda comprometida com alimentação é maior do que entre os mais ricos.

A ministra fez a afirmação ao ser indagada pela blogueira Esther Castilho, uma menina de 10 anos que foi convidada por Bolsonaro para participar da reunião ministerial. Ela tem um programa no YouTube e já foi entrevistada pelo menos quatro vezes pelo presidente.

A pedido de Bolsonaro, ela fez uma série de perguntas aos auxiliares presentes, muitas delas formuladas pelo próprio presidente. A menina questionou Guedes, por exemplo, se o preço do gás natural irá cair nos próximos meses.

O ministro estimou uma redução de 20% a 30% caso seja aprovada a nova lei do gás natural. Ela já passou pela Câmara e, agora, tramita no Senado. “Com a ajuda do ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, nós estamos aprovando a lei do gás natural. E aí vamos dar um choque de energia barata. Esperamos que o gás caia 20% ou 30%, pelo menos”, disse.

No início da entrevista, compartilhada pelo presidente em suas redes sociais, Bolsonaro disse que gostaria que as repórteres do País fossem como a menina. Ao longo de seu mandato, o presidente se notabilizou por adotar uma postura agressiva com a imprensa, sobretudo quando é questionado sobre irregularidades ou polêmicas de seu governo.

Demanda mundial

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) diz que o aumento na demanda mundial por alimentos está entre os principais fatores para a alta de preços das matérias-primas agrícolas. O resultado seria uma resposta “aos movimentos mundiais de oferta e demanda”.

A associação afirma também que “por se tratar de variável concorrencial”, os preços dos produtos são discutidos individualmente entre empresas e cadeiras varejistas, sem passar pela entidade. Segundo a representante da indústria, além do aumento na demanda, os preços estão sofrendo pressão da desvalorização cambial – e alta cotação do dólar.

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