JORNAL O POPULAR: Acordos SECEG X PATRONAL tentam manter empregos


Para tentar evitar um número maior de demissões, sindicatos de trabalhadores e patronais fazem acordos. O Sindicato dos Empregados no Comércio de Goiás (Seceg) e o Sindicato do Comércio Varejista do Estado (Sindilojas-GO) fizeram um acordo pelo qual é possível optar entre um adiantamento das férias para este período de paralisação ou uma futura compensação das horas não trabalhadas, conforme prevê uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). O presidente do Sindilojas, Eduardo Gomes, diz que a empresa que não tiver recurso para pagar férias agora, pode fazer a outra opção. Apesar do acordo ter ajudado a evitar demissões, ele admite que algumas empresas já estão dispensando. “Nosso receio é que o decreto seja prorrogado no próximo domingo. Aí, fica difícil saber como será.”

 

Para o presidente do Seceg, Eduardo Amorim, até o momento, os números não apontam nada fora da normalidade em relação a desligamentos nas empresas do comércio. “Os acordos preservam o emprego e não descapitalizam o patrão de imediato com rescisões, visto que o valor de uma demissão não é pequeno”, destaca.

 

O empresário Renato Nehme abriu o Bar Seu Antônio em plena pandemia, em dezembro. Ele começou com uma equipe de 24 colaboradores, número que caiu para 19 com a restrição de horários e, depois, para 11 com a publicação dos decretos. Sem tradição em delivery e com zero de receita, ele conta que foi obrigado a fechar as portas. Para não demitir, fez um acordo para redução de 30% na carga horária e nos salários. “Se não voltar este mês, vou demitir todos e esperar a pandemia acabar. Tenho R$ 50 mil em boletos para pagar e R$ 100 mil de produtos em estoque”, diz.

 

Para o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Marlos Luz, o setor vive um momento sombrio, pois não tem apoio dos governos. “Já foram 6 mil demitidos e serão mais 10 mil nos próximos dias se o fechamento continuar. Os trabalhadores estão desesperados”, alerta. Segundo ele, muitas empresas estão procurando o sindicato para pedir a intermediação de acordos. “Nossos telefones e e-mails não param”, diz.

 

Os bares e restaurantes alegam que a situação das empresas se agravou muito depois do último decreto porque o delivery não é suficiente para remunerar as empresas, já que o sistema tem um custo de quase 30% sobre os preços. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Goiás (Abrasel), Fernando Machado, afirma que isso gerou uma situação de desespero entre as empresas, que têm sofrido intensa fiscalização. Segundo ele, muitos pequenos estabelecimentos nem estão nas plataformas de entrega por causa dos altos custos. “Não justifica acabar com a modalidade drive thru porque ela não oferece risco”, alega.

Fernando diz que os empresários até defendem medidas restritivas, como a proibição de som ao vivo nos estabelecimentos e o limite de horário para funcionamento. “Além disso, sugerimos a criação de um disk denúncia para que os próprios empresários denunciem outros que não estiverem cumprindo os protocolos acordados. Somos a favor até da interdição de quem agir errado, mas precisamos continuar trabalhando, pois o setor está em colapso”, diz o presidente da Abrasel.

Proprietário do Bar e Restaurante Piry, o empresário Danilo Ramos lembra que já começou a demitir quando começaram as restrições no horário de funcionamento. Com a proibição do atendimento presencial, os funcionários que estavam em período de experiência também foram desligados. “Neste último decreto, com a proibição da retirada dos pedidos no local, ficou inviável trabalhar e tivemos que colocar os 22 empregados de aviso prévio”, conta.

Segundo ele, a empresa contabiliza prejuízos há 13 meses e não consegue mais trabalhar sem perspectiva de reabertura. “Nossa casa não foi preparada para sobreviver de delivery, que responde por no máximo 25% das vendas e não sustenta a equipe”, justifica Danilo, que lamenta dispensar funcionários experientes e tão bem treinados.

A garçonete e auxiliar de gerente Elaine Alves Pereira, que está há três anos na empresa, é um dos funcionários dispensados. Em lágrimas, ela diz que teme ficar sem trabalho num momento tão difícil, pois tem marido doente e é responsável por 70% do orçamento familiar. “Nós que trabalhamos direito, seguindo todas as regras, estamos pagando pelos que agem errado. As empresas que não cumprem os protocolos precisam ser fiscalizadas e não fechar todo mundo”, defende.

O próprio presidente do Sindibares Goiânia, Newton Pereira, conta que já precisou demitir 30 pessoas em seu restaurante e colocou outros 30 funcionários em aviso prévio. Ele alerta que se o decreto municipal for prorrogado da forma como está para a próxima semana, terá que demitir mais. “Não posso ficar gerando passivos assim”, ressalta. Segundo ele, mais de 100 estabelecimentos já aderiram à paralisação do delivery e a expectativa é de que mais empresas façam a adesão. Inicialmente, o protesto foi previsto para ontem e hoje.

Newton garante que o setor entende o momento crítico na saúde, mas defende que Prefeitura de Goiânia libere, pelo menos, para o cliente poder buscar sua refeição, seja como drive-thru, take-away ou take-out. “Pedimos também a liberação para reabertura, pelo menos no almoço, seguindo todos os protocolos de segurança”, informa.

Para o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Marlos Luz, a proibição da retirada dos pedidos reduziu muito a receita dos estabelecimentos, que são obrigados a demitir. “Os pequenos não têm condições de manter serviço delivery”, diz.

A manifestação em prol do setor de alimentação fora do lar acontece a partir das 9 horas, no Paço Municipal. Em nota, as entidades do setor alegam que com a proibição de retirada presencial dos pedidos, que representa a maior fatia de vendas hoje, ficou impossível continuar.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Goiânia disse que a opção pela modalidade delivery, para a pessoa receber o pedido em casa, ocorreu por conta de aglomerações nas portas dos estabelecimentos.

 

 Muita gente deve ter tido mais dificuldade para pedir comida por aplicativos de entrega nesta terça-feira (9). Mais de 100 donos de restaurantes e lanchonetes da capital suspenderam as entregas de pedidos na modalidade delivery em protesto contra o decreto da Prefeitura de Goiânia que proibiu as modalidades drive-thru e take-out, ou seja, a retirada dos produtos nos estabelecimentos. O Sindicato dos Trabalhadores no setor informa que cerca de 6 mil trabalhadores já foram demitidos. Os empresários informam que haverá manifestação hoje, no Paço Municipal, para pedir a reabertura mediante protocolos de segurança e alertam que o número de demissões pode chegar a 15 mil nos próximos dias.

Os bares e restaurantes alegam que a situação das empresas se agravou muito depois do último decreto porque o delivery não é suficiente para remunerar as empresas, já que o sistema tem um custo de quase 30% sobre os preços. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Goiás (Abrasel), Fernando Machado, afirma que isso gerou uma situação de desespero entre as empresas, que têm sofrido intensa fiscalização. Segundo ele, muitos pequenos estabelecimentos nem estão nas plataformas de entrega por causa dos altos custos. “Não justifica acabar com a modalidade drive thru porque ela não oferece risco”, alega.

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