Obras na T-7 lançadas sob protestos

 

Apesar de se tratar, teoricamente, de um benefício para a cidade, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, lançou ontem sob vaias de alguns comerciantes e lojistas as obras do corredor preferêncial da Avenida T-7. Ao realizarem o protesto, durante a cerimônia de lançamento na da Avenida dos Alpes, Vila União, os lojistas alegaram que não foram devidamente informados pela Prefeitura sobre a implantação do corredor e que, segundo eles, não há um fluxo de ônibus no local que justifica a implantação da via preferencial.

 

“A Prefeitura não teve o respeito com os comerciantes de fazer uma audiência pública convocando os moradores da região para falar sobre o corredor da T-7. Eles fizeram na calada. Chamaram na última sexta [20], agora, só o presidente de bairro, para avisar que haveria a inauguração das obras hoje”, disse o líder comunitário da Vila Alvorada, Omar Borges, que também falou em nome da população da Vila União.

 

Segundo ele, mais de 200 comerciantes serão afetados pela medida. “Aqui não é viável e o problema não é igual ao da T-63 e a 85, que não tinham outras opções. A opção mais viável é Avenida Itália, que é ampla e faz só um sentido. Só pega a T-7. Na Avenida dos Alpes, nós não vamos concordar e vamos brigar até o último dia”, reiterou o líder comunitário.

 

CMTC

Para o coordenador dos corredores preferenciais da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Domingos Sávio Afonso, é natural que algum segmento da sociedade seja afetado negativamente por políticas públicas que intervenham na mobilidade urbana, mas a intenção da Prefeitura, segundo ele, é priorizar os mais frágeis da cadeia do transporte: pedestres, ciclistas e passageiros de ônibus. “O prefeito Paulo fez a opção pela melhoria do transporte coletivo, pelo usuário. Naturalmente, qualquer intervenção feita na cidade vai atingir com intensidade maior ou menor algum segmento da sociedade. Mas entendemos que este seja um processo dinâmico, tanto que vivenciamos isso na T-63 e lá, o comércio já está se reestabelecendo”, comenta o coordenador.

 

No entanto, o comerciante Cristiano Caixeta, 38, que tem loja na T-63 e na T-7, rebate o ponto de vista do representante da CMTC. “Sou comerciante na T-63 e tenho loja aqui também. A gente sabe o que vai acontecer: vai desestruturar todo o comércio e toda a sociedade da região. Na realidade, na T-63 fecharam mais de 80 lojas e houve queda de vendas de quase 40%. Só sobreviveu uma parte mínima do comércio local”, critica o lojista.

 

Segundo ele, o Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas) vai reunir comerciantes da Avenida dos Alpes, da César Lates, 85 e T-63 na quarta-feira (25) para concentrar esforços na tentativa de impedir a efetivação dos novos corredores preferenciais e buscar alternativas para a categoria. “A sustentabilidade que o governo prometeu foi toda extinta com a implantação do corredor. Primeiro, porque destruiu o comércio. Segundo, porque a pista de ciclismo impermeabilizou mais de 40 mil metros Os comerciantes e a sociedade estão pagando até hoje. Fora a indústria da multa: são mais de 80 mil multas em menos de 2 meses lá na T-63”, lamenta.

 

Prefeitura promete requalificação da via

 

Com a implantação do Corredor da T-7, o quarto a se implantada na cidade (Corredor Universitário, T-63, e AV. 85 já estão em funcionamento), a Prefeitura promete requalificar toda a via que integra o trajeto feito por 13 linhas do transporte coletivo e deve beneficiar 103 mil pessoas por dia. “As obras do corredor T-7 implicam em melhoria do pavimento, correção de pontos de alagamentos, ciclovias, implantação de abrigos mais modernos e confortáveis, de 38 câmeras de monitoramento em tempo real, reconstrução das calçadas para dar mais acessibilidade para pedestres e portadores de mobilidade reduzida.

 

Enfim, toda uma requalificação urbana, inclusive com rearborização quando necessário troca de espécimes”, esclarece o coordenador dos corredores preferenciais da CMTC. Ele também informa que serão implantados entre 12 e 15 conjuntos de fiscalização eletrônica, na obra que tem previsão de entrega de 12 meses.

 

O diretor de acessibilidade da Secretaria de Políticas para Pessoas com Deficiência, Edson Ribeiro, acredita que haverá mais benefício do que desgaste com a obra. “O corredor da T-7 contempla 10,4 quilômetros de extensão, o que pega daqui [Avenida dos Alpes] até a Praça Cívica. Multiplicando pelos dois lados, são 2.800m lineares. Multiplicando também por 3 [m], o que seria a média da largura das calçadas aqui da região, são mais de 60 mil m² de calçada acessível. Grande ganho para todos”, sugere e explica que o projeto prevê calçadas que atendam tanto cadeirantes quanto portadores de deficiência visual, com sinalização tátil de advertência e direcional, e uma faixa com pavimento completamente linear, sem nenhum obstáculo.

 

“Esse é um investimento maciço que a Prefeitura realiza na cidade de Goiânia. Só essa obra do corredor T-7 tem um valor aproximado de mais de R$ 30 milhões. Nós vamos também dar a ordem de serviço para o BRT Norte/Sul. Nós sabemos que a principal preocupação de quem usa o ônibus é exatamente o tempo gasto no percurso. E quanto menor for esse tempo e melhor a qualidade do transporte, mais satisfeito o usuário estará.

 

Os corredores são essenciais. Nós sabemos que todas as grandes cidades do mundo aplicam hoje as faixas exclusivas ou preferenciais para o transporte coletivo”, pondera o prefeito Paulo Garcia.

 

Fonte: O Hoje

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